Pontos de Casa
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Léa Menaguali
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🏡Tunísia: como é morar em casas subterrâneas
🏡Tunísia: como é morar em casas subterrâneas. Você já imaginou viver em uma casa escavada no chão, protegida do sol escaldante do deserto e quase invisível na paisagem? Pois é exatamente assim que muitas famílias vivem na região de Matmata, no sul da Tunísia. As chamadas casas subterrâneas não são apenas uma curiosidade turística, mas um estilo de vida tradicional que atravessa gerações.
Essas moradias, esculpidas diretamente na terra, revelam uma incrível adaptação ao clima extremo do norte da África. Com temperaturas que chegam a 45 °C durante o dia e caem bruscamente à noite, viver sob a superfície se tornou uma solução engenhosa e sustentável.
Neste artigo, vamos explorar como vivem as famílias nas casas subterrâneas da Tunísia, como essas construções foram feitas, por que ainda existem hoje e o que elas nos ensinam sobre arquitetura, cultura e resistência.
Contexto histórico e cultural 🏡Tunísia: como é morar em casas subterrâneas

🏡Tunísia: como é morar em casas subterrâneas têm raízes profundas na história do povo berbere, uma etnia indígena do norte da África. Muito antes de o turismo descobrir essa região, comunidades locais já usavam técnicas milenares para adaptar suas casas ao clima do deserto.
A área mais conhecida por esse tipo de moradia é Matmata, um vilarejo no sul da Tunísia, cercado por colinas áridas. Ali, os berberes começaram a escavar o solo macio — formado por uma mistura de areia e argila — criando grandes pátios circulares cavados na terra. A partir desses pátios, abrem-se túneis que levam aos quartos, cozinhas e depósitos, todos protegidos do calor intenso.
Essa arquitetura única surgiu por necessidade. A escavação subterrânea não apenas oferece isolamento térmico natural, como também protege contra ventos fortes e invasores. Ao mesmo tempo, a construção dispensa o uso de madeira ou outros materiais escassos na região, tornando-se uma solução simples, funcional e surpreendentemente durável.
Embora muitas famílias tenham migrado para casas mais modernas com o passar do tempo, várias ainda vivem nessas construções históricas — mantendo vivas tradições que resistem há séculos.
Como são construídas as casas subterrâneas

A construção das casas subterrâneas na Tunísia começa de cima para baixo — literalmente. Tudo se inicia com a escavação de um grande buraco circular no solo, chamado de pátio central. Esse pátio serve como o “coração” da casa: é aberto ao céu, mas cercado por paredes de terra que ajudam a manter a temperatura interna estável.
A partir desse pátio, os moradores escavam túneis horizontais nas laterais, criando cômodos como quartos, sala, cozinha e até despensas. As paredes e tetos são moldados com ferramentas simples, como pás e enxadas, e não é necessário usar cimento, madeira ou tijolos — o próprio solo compacto garante a estrutura.
O segredo dessas casas está na geologia do local: o solo de Matmata é suficientemente macio para ser escavado à mão, mas firme o bastante para manter as paredes estáveis sem desmoronar. Além disso, o formato circular do pátio central permite a entrada de luz natural e circulação de ar, mesmo em um ambiente subterrâneo.
Outro detalhe interessante é que a temperatura dentro das casas permanece entre 20 e 25 graus Celsius, mesmo quando o deserto lá fora ultrapassa os 40 °C. Isso transforma essas moradias em exemplos naturais de conforto térmico sustentável, sem o uso de eletricidade ou ar-condicionado.
Com poucas ferramentas e muita sabedoria ancestral, essas construções mostram como é possível viver bem, mesmo em condições climáticas extremas — usando apenas o que a natureza oferece.
Como é o dia a dia das famílias que vivem nelas
Para quem nunca entrou em uma casa subterrânea na Tunísia, pode parecer estranho imaginar uma vida confortável ali. Mas, para muitas famílias de Matmata, esse é o lar ideal — fresco no calor do deserto, silencioso e cheio de história.
As casas contam com recursos simples, como lampiões, eletricidade básica e até água encanada, em alguns casos. Mas o estilo de vida segue o ritmo da terra: mais lento, mais conectado com a natureza e com as tradições.
Crianças crescem explorando corredores escavados, e os mais velhos mantêm viva a memória da construção das casas. Muitas dessas famílias vivem da agricultura local, do artesanato e, mais recentemente, do turismo — alguns recebem visitantes para mostrar suas casas e vender produtos feitos à mão.
Viver nessas casas não é apenas uma escolha prática, mas também um gesto de resistência cultural. Mesmo com as influências da vida moderna, quem permanece ali valoriza o que herdou: um lar escavado com as próprias mãos, protegido pela terra e cheio de significado.
Casas subterrâneas na modernidade
Com o passar das décadas, muitas famílias de Matmata migraram para casas convencionais, buscando acesso mais fácil a infraestrutura moderna. No entanto, as casas subterrâneas na Tunísia continuam existindo — algumas ainda habitadas, outras transformadas em museus vivos e atrações turísticas.
Hoje, poucas famílias mantêm o estilo de vida tradicional. Algumas adaptaram suas casas com energia elétrica, chuveiros modernos e até Wi-Fi, sem perder o charme das escavações originais. Outras abriram suas portas para o turismo, oferecendo visitas guiadas ou hospedagem em casas adaptadas, onde o visitante pode dormir literalmente dentro da terra.
O interesse internacional cresceu especialmente após Matmata ter sido cenário de filmes como Star Wars: Episódio IV – Uma Nova Esperança, onde a casa de Luke Skywalker foi ambientada em uma dessas moradias. Isso atraiu curiosos de todo o mundo e ajudou a impulsionar a economia local.
Apesar do turismo, há desafios. A erosão natural, a falta de apoio governamental e a migração dos jovens para as cidades ameaçam a preservação dessas casas. Algumas ONGs e arquitetos têm proposto projetos para restaurar e manter essas estruturas, valorizando seu potencial como exemplo de arquitetura sustentável e patrimônio cultural vivo.
Assim, mesmo diante das transformações da vida moderna, as casas subterrâneas da Tunísia resistem — reinventadas, mas ainda firmemente enraizadas no solo e na identidade de um povo.
Curiosidades e representações culturais
🏡 As casas subterrâneas da Tunísia não são apenas uma solução prática contra o calor — elas também carregam um certo mistério e encanto que as tornaram famosas no mundo inteiro, especialmente por meio da cultura pop.
Uma das maiores curiosidades é que parte da aldeia de Matmata serviu como cenário para o icônico planeta Tatooine, da saga Star Wars. A casa de Luke Skywalker, por exemplo, foi filmada dentro de um hotel construído em uma casa subterrânea real, o Hotel Sidi Driss. Desde então, fãs da franquia visitam o local, que preserva objetos e pinturas da produção original.
O que podemos aprender com elas
Tunísia: como é morar em casas subterrâneas não são apenas uma herança cultural ou uma curiosidade arquitetônica — elas são uma verdadeira lição sobre adaptação, inteligência ambiental e respeito ao território.
Elas também nos convidam a refletir sobre o consumo consciente: não há excesso de móveis, nem espaços desnecessários. Cada ambiente tem um propósito claro e funcional, sem desperdício de recursos. É um estilo de vida mais simples, porém profundamente conectado ao ambiente e à cultura local.
Além disso, essas construções mostram o valor do conhecimento passado de geração em geração. Em vez de depender de grandes empreiteiras, os próprios moradores criam e mantêm suas casas, respeitando os saberes tradicionais do povo berbere.
Para quem vive nas grandes cidades, esse modelo pode parecer distante. Mas ele nos inspira a repensar nossas escolhas: será que precisamos de tanto concreto? Será que nossas casas realmente nos protegem do clima ou apenas tentam compensar desequilíbrios criados artificialmente?
As casas subterrâneas nos ensinam que a inteligência construtiva não está apenas no futuro, mas também no passado — e que talvez o equilíbrio entre os dois seja o caminho mais sustentável a seguir.
Conclusão
As casas subterrâneas da Tunísia são mais do que simples moradias escavadas na terra — são um exemplo vivo de como a arquitetura pode dialogar com o ambiente, a cultura e o tempo. Em Matmata, cada túnel, cada parede escavada, conta uma história de adaptação, resistência e identidade.
Enquanto o mundo busca soluções para os desafios do clima e do consumo, essas casas silenciosamente mostram que há sabedoria em olhar para trás. Elas nos ensinam que é possível viver com menos, de forma mais integrada à natureza e às tradições locais — sem abrir mão do conforto e da beleza.
E você, já conhecia essas construções fascinantes? Teria coragem de passar uma noite em uma casa subterrânea?
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