Casas flutuantes do Camboja, como é morar sobre a água
Casas flutuantes do Camboja, como é morar sobre a água. Você já imaginou viver em uma casa que não tem endereço fixo, que balança com as águas e onde o barco é o principal meio de transporte?
Parece cena de filme, mas essa é a realidade de muitas famílias no Camboja. Nas margens do Lago Tonlé Sap — o maior do sudeste asiático — existe uma comunidade inteira que vive literalmente sobre a água, em casas flutuantes que se movem conforme o ritmo das estações.
Neste post, vamos mergulhar (com trocadilho!) nessa forma de viver tão diferente da nossa, onde o chão é líquido, o quintal é um lago e a vida segue flutuando, com simplicidade e resiliência.Vem descobrir como é morar em uma casa flutuante cambojana — uma experiência que mistura tradição, criatividade e muita adaptação à natureza.
🌊 O que são as casas flutuantes do Camboja?

As casas flutuantes do Camboja são moradias construídas sobre plataformas que boiam, geralmente feitas de tambores, bambus ou barris reaproveitados. Elas não têm fundações fixas no solo, e sim uma base que permite que toda a estrutura flutue conforme o nível da água. Essas casas se movem lentamente com as correntezas e, às vezes, são deslocadas de lugar com a ajuda de barcos, principalmente durante as cheias e secas.
Esse estilo de vida é mais comum no Lago Tonlé Sap, que muda drasticamente de tamanho ao longo do ano. Durante a estação seca, o lago encolhe, revelando bancos de areia. Na estação das chuvas, ele se expande e invade terras ao redor, cobrindo aldeias e campos. Para se adaptar a esse vai e vem da natureza, comunidades inteiras criaram um sistema de moradia sobre a água, onde tudo — casas, escolas, igrejas e até mercados — flutua.
Mais do que uma solução prática, essas casas são também um símbolo de adaptação e resistência de povos que vivem em harmonia com a água há gerações. Elas mostram como é possível criar uma vida inteira sobre algo que está sempre em movimento.
🚣♀️ Como é a vida sobre a água?
Viver sobre a água muda tudo: o jeito de acordar, de se locomover, de estudar, de trabalhar — e até de se divertir. Nas comunidades flutuantes do Camboja, o barco substitui a bicicleta, o quintal é o lago, e a vizinhança navega ao redor.
O dia a dia começa cedo. As famílias costumam sair de barco para pescar, já que o peixe é uma das principais fontes de alimento e renda. As crianças, muitas vezes, remam sozinhas até escolas flutuantes — salas de aula montadas sobre plataformas que se movem com o lago. Algumas casas têm pequenas hortas suspensas, criadas com engenhosidade para cultivar ervas e legumes mesmo sem terra firme por perto.
A energia, quando existe, vem de baterias solares ou pequenos geradores. Não há encanamento nem esgoto, então muitos moradores usam baldes ou soluções improvisadas para higiene e descarte. A água do próprio lago é usada para banho e, às vezes, até para cozinhar — o que levanta preocupações sérias sobre saúde e contaminação.
Apesar dos desafios, há um forte senso de comunidade. Os moradores se ajudam, compartilham peixes, organizam celebrações e vivem com o essencial. É um modo de vida simples, resiliente e profundamente conectado com o ritmo da natureza.
🏘️ A estrutura das casas flutuantes

As casas flutuantes do Camboja não são apenas curiosas — elas são verdadeiras obras de adaptação. Construídas com materiais simples e acessíveis, como madeira, bambu e chapas metálicas, essas casas se equilibram sobre tambores, barris de plástico, troncos ou até mesmo grandes boias recicladas. É essa base que permite que tudo flutue, mesmo com as variações constantes do nível da água.
O tamanho e o acabamento das casas variam conforme a renda da família. Algumas são bem básicas, com um único cômodo e telhado de zinco. Outras têm pequenos alpendres, área para redes e até cercas feitas com varas de bambu. O interior é simples: tapetes, esteiras, panelas penduradas e objetos essenciais à vida cotidiana.
Uma diferença importante é que essas casas não são palafitas — ou seja, elas não ficam apoiadas em estacas fincadas no solo. Elas boiam de verdade. Isso significa que podem ser rebocadas de um lugar para outro, dependendo da época do ano, da maré ou de necessidades específicas da família.
Por não estarem presas ao chão, as casas flutuantes precisam de manutenção constante. Com o tempo, os barris enferrujam ou racham, e a madeira pode apodrecer. É comum ver moradores fazendo pequenos reparos com o que têm à mão, reaproveitando materiais e mantendo tudo funcionando com criatividade e habilidade.
📚 Educação, comércio e comunidade

Nas vilas flutuantes do Camboja, a vida comunitária acontece sobre a água — e tudo funciona de forma adaptada. As crianças frequentam escolas flutuantes, construídas da mesma forma que as casas. Essas escolas muitas vezes são mantidas por ONGs e projetos sociais, já que o acesso à educação nessas áreas remotas é limitado e nem sempre o governo consegue chegar até lá.
O comércio também acontece sobre as águas. Barcos-mercado circulam vendendo frutas, arroz, carvão, roupas e utensílios. Alguns moradores transformam suas próprias casas em pequenos comércios: farmácias improvisadas, lojas de conveniência e até oficinas de conserto. O barco é o “carro” da região — todo deslocamento é feito remando ou com pequenos motores.
A comunidade é unida. Com os desafios naturais e a limitação de recursos, a colaboração entre vizinhos é essencial. Eles compartilham pescarias, trocam mantimentos e se apoiam nos momentos difíceis. É comum ver famílias visitando umas às outras de barco, ajudando em reparos ou organizando festas tradicionais — mesmo com o chão balançando sob os pés.
A fé também flutua: há igrejas e templos sobre a água, onde os moradores se reúnem para cultos, cerimônias e orações. Tudo pulsa no ritmo do lago, em harmonia com a natureza e com os laços entre as pessoas.
🐟 Sustento: o papel da pesca e do turismo
A principal fonte de sustento das comunidades flutuantes do Camboja é, sem dúvida, a pesca. O Lago Tonlé Sap é riquíssimo em peixes e fornece alimento não só para quem vive sobre ele, mas para boa parte do país. Homens, mulheres e até crianças participam da pesca diária, seja com redes, armadilhas ou varas simples. O que é pescado serve para consumo próprio ou é vendido em mercados locais, muitas vezes transportado por barco até cidades próximas.
Além da pesca, algumas famílias mantêm pequenas criações de peixes em cestos submersos sob suas casas. Outras vendem gelo para conservar o pescado ou trabalham em barcos que compram peixes direto dos pescadores e os levam para os centros urbanos.
Nos últimos anos, o turismo tem ganhado força. Muitos visitantes ficam fascinados com o estilo de vida flutuante e procuram tours de barco que passam pelas vilas. Algumas famílias oferecem hospedagens simples, refeições típicas ou passeios guiados, gerando uma renda extra — ainda que pequena — para complementar a pesca.
Mas o turismo também traz desafios: aumento da poluição, descaracterização cultural e, em alguns casos, exploração das comunidades. Ainda assim, para muitos moradores, receber turistas é uma forma de mostrar sua cultura ao mundo e garantir mais oportunidades.
⚠️ Desafios enfrentados pelas comunidades
Viver sobre a água exige muito mais do que equilíbrio físico — exige força, criatividade e uma capacidade diária de adaptação. Embora as casas flutuantes do Camboja encantem por sua beleza e originalidade, a vida nessas comunidades está longe de ser fácil.
Um dos principais desafios é a variação extrema do nível da água. Durante a estação seca, o lago encolhe, e muitas casas precisam ser rebocadas para áreas mais profundas. Já na época das chuvas, a água sobe tanto que pode invadir ou até destruir as construções. O clima dita tudo — inclusive onde e como cada família vai morar.
Outro problema grave é a falta de saneamento básico. Como as casas estão sobre o lago, não há rede de esgoto, e os resíduos acabam sendo descartados na própria água. Isso afeta a saúde dos moradores e também contamina o ambiente. A água usada para cozinhar e tomar banho muitas vezes vem diretamente do lago, sem tratamento, o que aumenta os riscos de doenças.
Além disso, o desmatamento, a pesca excessiva e o aquecimento global têm afetado o equilíbrio do ecossistema. Com menos peixes e água mais poluída, fica cada vez mais difícil sobreviver apenas da pesca. Muitas famílias acabam deixando a vila e migrando para cidades, em busca de uma vida mais estável.
Outro desafio é o reconhecimento legal. Algumas vilas flutuantes não são registradas oficialmente, o que dificulta o acesso a serviços públicos como saúde, educação e energia. E quando há projetos de urbanização ou exploração turística sem diálogo com a comunidade, muitos moradores acabam sendo forçados a deixar suas casas — literalmente empurrados para fora da água.
🌱 Curiosidades sobre morar sobre a água
A vida nas casas flutuantes do Camboja é cheia de detalhes que surpreendem quem vê de fora. São pequenas coisas do cotidiano que mostram como a adaptação à água cria hábitos únicos e, muitas vezes, encantadores.
🔸 Primeiro. Crianças que remam sozinhas: Desde pequenas, as crianças aprendem a remar e a conduzir seus próprios barquinhos. É comum vê-las indo para a escola sozinhas, com mochilas nas costas e um remo nas mãos.
🔸 Em seguida. Silêncio líquido: À noite, o silêncio é quase absoluto, interrompido apenas pelo som suave da água batendo na madeira. Não há trânsito, buzinas ou sirenes — só o som da natureza.
🔸 Logo depois. Animais de estimação diferentes: Muitos moradores criam patos, galinhas e até porcos em cercados flutuantes. Alguns têm cães e gatos que andam de barco junto com os donos.
🔸 Por fim. Vizinhança flutuante: As casas se movem com o tempo, então a “vizinha de frente” hoje pode ser a de trás na semana seguinte. Isso cria uma sensação de fluidez também nas relações.
🔸 Finalmente. Festas na água: Casamentos, rituais religiosos e festividades acontecem em casas maiores ou templos flutuantes, decorados com bandeirinhas coloridas e luzes penduradas nos telhados.
🔸 Para concluir. Moda flutuante: Apesar da simplicidade, os moradores costumam se vestir bem nos fins de semana e dias de celebração. Mulheres usam vestidos estampados e homens camisas sociais, mesmo vivendo sobre a água.
Essas curiosidades mostram que, mesmo em um ambiente tão desafiador, a beleza da vida simples encontra sempre um jeito de florescer.
✈️ Dá para visitar ou se hospedar em uma?
Sim! Para quem tem curiosidade de ver de perto como é a vida nas casas flutuantes do Camboja, é possível fazer passeios guiados de barco e até se hospedar em casas locais adaptadas para receber visitantes. A maioria dos passeios sai de Siem Reap, cidade famosa por abrigar os templos de Angkor, e segue em direção ao Lago Tonlé Sap, onde ficam as vilas flutuantes mais conhecidas, como Kompong Phluk e Chong Khneas.
Esses tours permitem ver o cotidiano dos moradores, visitar escolas flutuantes, mercados sobre barcos e templos em movimento. Em algumas vilas, famílias oferecem refeições típicas e contam histórias sobre como é viver no lago — uma forma linda de conhecer o lado humano por trás da paisagem.
Alguns barcos maiores funcionam como hospedagens simples, com quartos rústicos e vista direta para a água. É uma experiência imersiva e marcante, especialmente para quem gosta de turismo consciente e cultural.
⚠️ Dica importante: Ao visitar essas comunidades, é essencial ter respeito cultural e sensibilidade. Evite tirar fotos sem permissão, não distribua dinheiro diretamente para crianças e dê preferência a guias e serviços locais que valorizem e ajudem a manter viva essa forma de vida única.
💭 Conclusão
As casas flutuantes do Camboja nos mostram que é possível viver de forma totalmente diferente do que estamos acostumados — sem ruas, sem calçadas, sem chão firme… e, ainda assim, com muito sentido, força e comunidade.
Viver sobre a água é mais do que uma escolha: é uma adaptação corajosa às condições da natureza. É também um lembrete de que a vida pode seguir mesmo nos contextos mais desafiadores, com criatividade, simplicidade e laços humanos que sustentam muito mais do que as estruturas de madeira.
Essas vilas flutuantes nos inspiram a olhar o mundo com outros olhos. E talvez até a repensar o que realmente é essencial no nosso dia a dia.
🌊 E você, moraria em uma casa flutuante?
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